sábado, 10 de abril de 2010
' So(meu)where.
Escrevo agora porque me ocorrem milhões de idéias e lembranças ligeiramente fantasiosas sobre ti. Sem vocação para datas, escolho um lugar e um dia pra te fazer nascer no meu mundo, e te coloco numa dessas conversas bobas de noites longas e dias inteiros de sono só pra recomeçar o ciclo.
Era então um sábado... um sábado de sol, sem caminhão. Enquanto me acabava com reclames sobre os meus dias, lá estava você do meu lado, com a sua 'psicologia barata' dividindo qualquer experiência que aliviasse meus pesares. Camisa xadrez que, na época, sugeria um estilo que adotara pra alimentar uma vaidade; um boné que quase nunca parava quieto na cabeça... sumiu uma vez, duas, até decidirem te roubar de vez; e as tais canelas de fora realçando o bom gosto do que calçavas. Naquela época, fumava quase dois maços de Marlboro vermelho, porque o light mataria muito lentamente. Bebia vodka porque não existe cerveja com gosto bom, e tinha um passado cheio de carnavais fora de época. Sempre gostou de Caetano, e depois de algumas coisas seletas e mais pesadas, mas sempre Caetano. Nas nossas idas e vindas a milhares de lugares com essa afinidade que surgira despercebida, só cheguei a me preocupar no dia em que acordei contigo do meu lado, levantando pra ir embora como quem tivesse hora pra chegar em casa. E nunca teve. Talvez tenha sido esse dia, que eu tenha acordado não só pra o quanto havia passado a confiar em você, mas no quanto havia se instalado no meu pequeno mundo...
Fazer média é o seu forte, nem sei se sabes disso, mas conquistar as mães junto dos filhos é quase jogo baixo. Dividimos até parentesco uma época! Sonhamos com a mega sena enquanto você só sabia ressaltar que se tivessemos bilhetes premiados, fumaria do cigarro mais fraco, beberia cerveja sem álcool e, largado na areia, viraria carvão em Ibiza... já não queria morrer cedo se fosse assim.
Nossos bilhetes nunca foram os premiados. Hoje você fuma Carlton, mas como dizes: só por uma questão de sabor, já que passastes pelo Hollywood e a quebradeira havia melhorado. Aquele boné sumido, esquecido e roubado, foi substituído por cachos de um cabelo grande que cultivas pra ocupar a cabeça e esconder as idéias. A barba já não é aparada com frequência porque ela virou o charme do conjunto cabelo-bigode. E é um charme! Ganhou uns quilos pra poder reformar calças de bazar e caber justo dentro delas. Sumiu de mim como some de todo mundo, porque precisa de espaço pras idéias fluírem teus versos impactantes que fazem inveja à minha prosa, conserva essa vida secreta que te deixa tão mais interessante de se conhecer e gostar. Tem um apelido que brinca com as letras e a fonética: Somewhere. Só meu where. Somewhere... e faz jus ao significado: ninguém tem o endereço de lá.
With love,
Dream On.
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Ficar sem resposta é o melhor argumento pra definir minha situação de agora. É bom saber que alguém me conhece tanto assim. Assustar, assusta. Mais por ser você essa pessoa, é mais um consolo às boas escolhas. Eu te escolhi pra mim, seu animal. Não tem selinho que sele nossa amizade. Mas retifico: "pra sair com a deusinha..." Amo você, vagaranha. Bgoz.
ResponderExcluirEu morri. E olha que o texto nem é pra mim.
ResponderExcluirTexto incrível, escreves mesmo muito bem falando de amor.
ResponderExcluir:*
morri bjs.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFicou lindo!
ResponderExcluirMesmo
Sem endereço, eu diria.
ResponderExcluirLembro do boné sumido, e também dos cachos. Lembro da amizade bonita de se ver.
Mosss.
ResponderExcluirQue texto bakana; é quase um filme!
=]
Uau...
ResponderExcluirConfissões ácidas...
Beijos
De uma conversa virtual, de impressões compartilhadas sobre um autismo sedutor...
ResponderExcluirde uma amizade que ultrapassa os limites vulgares - o texto mais bonito de todos.
Demorei pra dizer pra poder dizer direito. E nem assim consegui.
Mas é bonito. De se ler. De se ver. De se saber. De se ter. De terem um ao outro.
Genuinamente bonito. De forma que não dá espaço a sentimentos mesquinhos adjacentes. Só um admirar suspirante, do tipo que faz as palavras faltarem.
E faltam. Sempre que o sentimento sobra. Sempre que tem sentimento de sobra!
Um bjo!
Adorei o texto. :)Muito bom mesmo.
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