quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

' Sede. Cedi.

De pé com o olhar distante e meia dúzia de cigarros no bolso, espera por qualquer coisa que venha de qualquer direção. A cabeça inclinada observa todos os ângulos de maneira tão aleatória, que seria impossível saber se o que parece vir breve e necessário é o próximo ônibus ou um próximo, próximo. Já não usa aquelas calças rasgadas cheias de memórias, porque qualquer desses momentos remeteriam a algo que nunca vem. Pode viver pra sempre nessas esperas, enquanto nenhuma delas lhe venha parecer inútil. Já tinha saltado todos os seus precipícios e precisava pisar naquelas nuvens confortáveis da volta. Ainda de pé, passaria toda a vida entregue ao tempo, porque sentar pareceria confortável demais, e não podia esquecer os caminhos tortuosos que traçara até ali. Leva no bolso farelos de coração emaranhado de inspirações e um pedaço de céu. Cansou de alugar seu império sentimental, procura um comprador.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

' De milkshakes a mistakes.

Sê feliz com o pedaço de céu que te compraram.
O meu parece sempre demasiado pequeno por caber no bolso.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

' She loves you? no, no, no.

Vou escrever sobre você mesmo. É. E por quê não afinal? Esconder de mim que eu tenho pensado nisso tudo como a minha possibilidade de paz é inegável. Passei tanto tempo estando em paz com a minha própria companhia, e ver isso não bastar é quase odioso. Nem sei se sabes que existo e que espero por qualquer coisa tua. Na verdade, que existo sabes bem... que existes em mim é que ainda tenho dúvidas de teu conhecimento. Tenho acreditado em qualquer coisa que me remeta a esperanças tuas, e eu nem era assim. Coisa inútil ler horóscopos, acreditar em pares de horas iguais, ou nas músicas que sequer chegou a me contar que gostavas de ouvir. Paixão. Se o amor é o ridículo da vida, apaixonar-se deve estar abaixo disso. Mas sabe que esse quase platonismo é até engraçado? É assim... eu acordo, penso que o tempo está passando rápido demais e que você não tem vindo, mas que qualquer dessas poucas pistas que deixas por aí, pode ser o passo que preciso pra chegar até você. Aí o dia acaba, nada mudou nas minhas 14 horas de espera, e o nosso encontro mais próximo e mágico está para acontecer... em sonhos. E começa tudo de novo. Tudo não, porque às vezes demoro tanto de saber o que é realidade e o que foi sonho, que vez em quando fico feliz por várias horas até entender que tem coisas existindo só na minha cabeça. Não é um problema, sabe? Eu vivo dessas ilusões, ou emoções, ou retalhações que traz a vida. Disposição pra morrer por isso é que não tenho. Lançei a minha sorte no vento, e ela chegou até você - ainda que não saibas - querendo ficar. Deixa fazer tempestade agora.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010


O futuro não tem cheiro. Na verdade não tem cor nem forma, apesar de que a gente constrói a base sempre pensando na beleza das coloridas paredes que se erguerão simpáticas a um cotidiano. Das minhas brancas paredes não nego grandes recordações, mas é preciso cor, e é preciso forma, e é preciso cheiro pra que as coisas existam. E são todas essas emoções sinlenciosas e abafadas que gritam quando falo sobre você desse jeito pra mim. Pode vir dar um sentido qualquer a isso. Eu aprecio o abstrato; sei também apreciar as complexas formas de um realista obscecado por perfeição. Existir assim sem um início e sem um fim ainda que o faça abstrato, geométrico, azul, vermelho, verde é que é o problema... com essa minha alma technicolor.