quinta-feira, 9 de setembro de 2010

' Quilo(metros).


Tinha pressa para consumir mais três lances de escadas fugindo da multidão que descia a peixes mortos pela correnteza daquelas rampas que nunca pareciam chegar ao fim. Era tanta ansiedade do lado de dentro daquele peito ofegante de término do dia, que chegava a queimar quando a mente trabalhava para descrever sensações. Naquela turbulência de coisas emergentes, alcançava o fim da pequena jornada como o maior dos vencedores de maratona que estava por cruzar a chegada. Subtamente percebe a teia que acabara mais uma vez por tecer: passaria quem sabe mais trezentos dias repetindo esse percurso que traçara na cabeça tempos antes e já havia dobrado meses e completado anos. No fim de cada dia arrancava nas unhas o produto daquele esforço ainda não findado como um novo motivo pro dia seguinte. Já tinha tudo pronto. Comeria outros dias, digeria meses e engordaria anos, mas era com o sabor mais doce de menores quilômetros que adormecia anti-higiênico na boca.

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